José Medrado
11 de janeiro de 2022O simbolismo de 2022
Chegou ele, já está aí: 2022. Ano de forte simbolismo. Bicentenário da Independência do Brasil – ainda que ela só aconteceu mesmo em 1823, quando os baianos botaram de fato e de direito os lusitanos para correrem. Temos também o centenário da Semana de Arte Moderna, que, em 1922, São Paulo foi o palco brasileiro de uma grande transformação cultural. Naquele ano, aconteceu de 11 a 18 de fevereiro, no Teatro Municipal, a renovação do contexto artístico cultural brasileiros, pois se buscou redesenhar a produção artística do Brasil nos campos da literatura, das artes plásticas, da música e da arquitetura. Durante aquela semana, a nova linguagem marcou a construção de uma liberdade criadora, mas o cenário não era propício à transformação. Em meio à República Velha, o conservadorismo estava habituado aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, e o movimento era marcado por ideias inovadoras, que aboliam a perfeição estética apreciada no século XIX. O tempo, no entanto, consagrou essa liberdade. Há os que não aprendem com a História. Conservar só como marcos históricos, pois tentar retroceder em costumes, nas manifestações já superadas…não acontece mesmo. A sociedade avança e se renova em suas crenças, ainda que aqui e ali algo emperre, dê alguns passos atrás, mas logo são tragados e avança.
O Brasil tem sofrido demasiado nessa área: há pouco um em discurso emproado, parafraseando o propagandista nazista; depois surge uma a que foi sem nunca ter ido e ainda aqui um ligado a esta pasta falou da música, como objetivo de um ideal divino…em tentativa de desconstruir o festival do Capão. As artes, como forma de manifestação de culturas, sempre estarão antenadas com os bafejos do mundo, da sociedade e da suas culturas como tradições e história. Nunca serão produtos de imposição de poucos. O Impressionismo, por exemplo, guarda este nome, por força da ridicularização naquela época de uma arte pictórica que quebrava os padrões dos estúdios da luz artificial. O movimento foi criticado, ridicularizado… Claro que o nome surgiu de uma obra de Claude Monet – impressão do Sol nascente, mas foi adotado pelos críticos conservadores da época com o objetivo de desconstruir, debochar. Afirmavam que “aquilo” não era uma pintura, mas um esboço, uma impressão de. E hoje como estão esses arautos e suas obras pelo mundo?
Entre os artistas modernistas destacam-se Oswald de Andrade, na literatura, Víctor Brecheret, na escultura, e Anita Malfatti, na pintura, esta última responsável pela primeira exposição modernista brasileira, em 1917. Suas obras, influenciadas pelo cubismo, expressionismo e futurismo, escandalizaram a sociedade da época. Mas aí estão valorizadas e sendo referências de conquista de liberdade.
Fonte: https://www.cidadedaluz.com.br/jose-medrado/artigos/2022/01/03/o-simbolismo-de-2022.html